O velho e bom jornalismo

bob-schiefferAté uma semana atrás, Bob Schieffer era um nome que, eventualmente eu tinha ouvido falar, um dos mais famosos jornalistas norte-americanos, um rosto familiar na TV. Irônico que ele agora é uma das pessoas que me lembram porque há 16 anos escolhi fazer jornalismo. Este senhor de 76 anos ficou conhecido como âncora da CBS News, mediou debate presidencial e cobriu todas as quatro principais instituições nacionais em Washington: a Casa Branca, o Pentágono, Departamento de Estado, e o Congresso.

Tive duas oportunidades de ouvir Bob Schieffer. Primeiro participei de uma sessão exclusiva para professores da faculdade, éramos uns 25 no máximo. A outra foi durante a entrega do Walter Cronkite Excellence Award, na qual ele foi premiado e  fez um discurso para uma multidão. Como disse não o conhecia e escrevo baseada nesses dois encontros,  que foram experiências valiosas e reforçaram meu entendimento sobre o papel do jornalismo hoje e sempre.

Ele muitas coisas interessantes, contou fatos de sua vida de repórter e compartilhou lições que aprendeu na sua carreira. Foi denso. Tento resumir seus ensinamentos em duas palavras: precisão e ética. Schieffer disse que o jornalismo não vai morrer; porque é parte essencial da democracia. Concordo, uma que que informação no estado democrático é parte do fazer do estado e do cidadão. Imprescindível para tomada de decisões de ambos. Outro fato, apontado por ele, é que com tantas opções tecnológicas, as pessoas não só buscam diferentes formas de obter informação, mas também diversidade de informação. Esse ciclo não vai parar.

O desafio é fazer bom jornalismo com este novo tempo e modelo de fazer as coisas. Imediatismo. Ele, como eu, é de uma época em que pelo menos duas pessoas olham o que você escreveu antes de publicar.  Hoje, os jornalistas têm de fazer isso por si mesmos. Schieffer  também alertou sobre as mídias sociais, que não podem ser confundidas com jornalismo superficial.  Não é uma questão apenas de gramática, mas principalmente de apuração. 

Nesse novo tempo e modelo, além de criteriosa apuração, exige ética. Para mim jornalismo é feito por seleção. Selecionamos as palavras, ângulos, quem tem voz e que não tem, o que deve ser publicado e o que não. Resolvo questões éticas com boas respostas para o por quê selecionar cada um desses elementos. Para quantas manchetes de hoje, a resposta para esta pergunta seria interesse público?

Não trabalho diretamente em meios de comunicação há quase três anos, mas não acredito em ex-jornalista. As lições de Bob Schiffer continuam a fazer sentido para o meu trabalho como comunicadora, meu compromisso como jornalista em todos os lugares, e como cidadão que espera conteúdos de uma mídia responsável.

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